Resenha :Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa-7. ed. - São Paulo : Paz e Terra,
1998. - 165p
Paulo Reglus Neves Freire, nascido em
1921 foi um educador e filósofo brasileiro. Seu primeiro livro foi Educação
como Prática da Liberdade e seu mais famoso livro Pedagogia do Oprimido foi
traduzido para o inglês, espanhol e hebraico. Freire de ataque cardíaco em maio
de 1997 no Hospital Albert Einstein.
Segundo Paulo Freire em sua obra Pedagogia
da Autonomia, a prática torna-se eminentemente importante, pois, ajudando a
sair do rotineiro blá, blá, blá para a situação ativo de realizar. Ensinar não
é somente “passar um conhecimento”, e sim, criar possibilidades para a produção
e construção do mesmo. O autor destaca a interação entre aprender e ensinar,
mostrando que quando um sujeito ensina, também aprende e vice-versa. Não sendo,
portanto, duas atividades separadas e sim conectadas.
O ser humano é perfeitamente capaz de
ir além de seus condicionantes, e deve fazê-lo.
O educador deve constantemente
despertar no educando a curiosidade e sua insubmissão, para que este aprenda
criticamente. Pois o saber não deve ser simplesmente transferido. Sendo
importante para que o educando vá se transformando em sujeito da construção e
reconstrução do saber ensinado. O educador deve, portanto, não apenas ensinar o
conteúdo, mas acima de tudo ensinar a pensar certo. O mais importante não é a
quantidade de e conhecimento e sim a
qualidade. Pensar certo exige reflexão.
O autor diz que ensino e pesquisa
estão interligados. E o educador deve transferir aos alunos os conteúdos e
quando estes são apreendidos, operam por si mesmos. Ensinar exige uma superação
e não uma ruptura, uma certa curiosidade; pois sem esta não haveria
criatividade. Sendo assim, os educadores devem despertar ou instigar a
curiosidade do educando. O professor deve manter na sua argumentação certa
segurança. Deve aceitar o novo e saber preservar o velho que encarna uma
tradição ou marca uma presença no tempo. Produzir nos alunos um diálogo
constante e uma reflexão crítica sobre a prática. O educando deve fazer e
pensar sobre o que está fazendo. Freire
ainda afirma que, tomar consciência do que está fazendo, ajuda a tornar-se um
ser pensante, crítico e transformador. È importante sempre questionar.
No segundo capítulo Freire fala sobre
o fato de que o professor ao estar em uma sala de aula deve estar atento ao
fato de que esta ali para ensinar e não somente transferir conhecimento. Este é
um fato que não apenas deve ser apreendido pelo professor e pelo educando, mas
também deve ser vivido por eles.
Um professor crítico é uma ser aberto ao
conhecimento e as inovações, consciente de seu inacabamento, pois segundo o
autor, onde há vida há inacabamento. E
que tomando conhecimento sabem que as barreiras não se eternizam. Este sujeito
estará em um permanente processo social de busca. A curiosidade torna-se neste
caso um fato que gera e abre caminhos para o saber. Já a memorização acaba
castrando a liberdade do educando de aventurar-se por si próprio. È importante
lembrar que homens e mulheres se tornaram educáveis por que primeiramente
tiveram a consciência se seu inacabamento, e isso os fez irem busca de sua
educabilidade.
O autor também discute sobre autoridade
e autoritarismo, licença e liberdade. O
professor assim como o aluno deve conhecer as diferenças entres essas ações. A
responsabilidade do professor é extremamente grande, nenhum deles passa sem
deixar marca no aluno, deve aprender a respeitar a autonomia, a dignidade e a
identidade do educando. O professor tem que gostar do que faz e acreditar que
junto com os alunos podem aprender, ensinar, instigar a busca e superar os
obstáculos.
No terceiro capítulo o autor aborda
sobre o fato de que não se faz necessário estar a todo instante estar falando
sobre a autoridade, pois ela por si só se faz presente. Um professor competente
exerce sem grandes esforços a autoridade e recebe o respeito dos alunos. A
autoridade não está no fato dos alunos permanecerem quietos, não está nos
silenciados. mas sim na dúvida que instiga. É sempre possível saber o que ainda
não sabe quanto saber melhor aquilo que já sabe. Mas não pode ensinar aquilo que não sabe. O
professor deve ser aquilo que diz. Deve tomar uma posição.
O educador deve saber escutar e não
apenas falar. Nessa obra, portanto autor diz que escutar é mais que uma
habilidade auditiva, é escutar com abertura à fala, ao gesto do outro. Muitas
vezes o professor sem agressão pode sim, agredir o aluno, de maneira até mais
forte e permanente. Na relação com o outro que não fez as mesmas escolhas, não
se deve impor sua opinião. Viver uma abertura respeitosa ao outro.
Paulo Freire conclui que o educador
não deve instigar os sonhos impossíveis, e tampouco deve negar aos que sonham o
direito de sonhar. E que a arrogância intelectual não se faz necessário no
educador. Ele acredita que é necessário que o professor perceba seu
inacabamento para assim tornar-se um sujeito consciente de suas atitudes.
Pedagogia da Autonomia é um livro de
bolso de fácil leitura. O autor aborda temas importantes e muitas vezes
esquecidos pelos que estão na sala de aula. Apesar do livro quase parecer uma
crítica ao professor, o autor reconhece as dificuldades do educador e as aborda
em diferentes ocasiões. Tomado de um discurso regado a buscar a consciência do
educador e do educando ele nos leva a percorrer as linhas de sua obra com certa
firmeza no que escreve. Porém, por repetir muitas vezes de maneira incansável
as mesmas palavras, Freire leva o leitor à exaustão. É preciso ser persistente
para chegar até a última página, sendo este um esforço que vale a pena.
Esta obra pode ser perfeitamente lida
e relida pelos profissionais da área de licenciatura e seus educando ou
qualquer um que queira saber um pouco mais sobre autonomia.
Oi Marli! Ainda não conhecia esse livro, mas pela sua resenha, parece ser um livro essencial para um professor.
ResponderExcluirAchei essa sua frase muito bonita: Ensinar não é somente “passar um conhecimento”, e sim, criar possibilidades para a produção e construção do mesmo.
Beijinhos!
Boa tarde Marli,
ResponderExcluirRealmente esse livro deve ser muito bom....abçs.
http://devoradordeletras.blogspot.com.br/
Esse livro parece muito bom e mesmo não sendo da área me interessei para ler. Ah...acho que esa aé uma lição para a vida:Devemos saber ouvir mais do que falar.
ResponderExcluirBeijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma
Marliii.. que gracinha seu comentário! Fiquei bem feliz! E só tô respondendo agora, olha só... :P
ResponderExcluirMeus pais merecem vários abraços mesmo! Mas, não só por causa da viagem pra Machu Picchu! Um dia voltarei lá. Vai ser uma nostalgia de verdade, acho... lembro de muita coisa dessa viagem, apesar de ter sido há quase 13 anos, né?
E a coincidência: terminei de ler esse livro do Freire na semana passada! Gostei demais também! Resolvi me revoltar e ler primeiro ele, antes da pedagogia do oprimido.. :P
Achei bastante repetitivo. Mas, entendo. Para muitos, essa repetição é necessária, por se tratarem de ideias bem diferentes das que costumamos ver sendo difundidas por aí. Apesar de fazer muito sentido e parecer um pouco óbvio, acho que as ideias dele são bem revolucionárias, no sentido de propor uma reflexão crítica constante mesmo... e para quem não tem esse costume, acho que a repetição ajuda a entender melhor o que exatamente ele diz.
Pretendo ler outros livros dele também. Acho que tem muito a contribuir, como você falou no finalzinho, com profissionais de diversas áreas, não só na educação. Porque ele fala da relação professor-aluno. Mas, fala principalmente de relações interpessoais, na minha opinião. Essa questão do saber ouvir, de tomar consciência do inacabamento, de ter humildade, de se permitir aprender com o outro..
Outra coisa de que gosto muito da fala dele, é a esperança. Quem entra em contato o tempo todo com realidades muito difíceis das suas próprias, tende a perder um pouco essa esperança e a achar que não há nada que se possa fazer para a mudança. Acaba por difundir a responsabilidade e se isentar de qualquer ação transformadora. Mas, o discurso dele faz com que a gente queira nos movimentar mesmo, e agir agora. E dar nosso melhor.
Beijinhoos
;*