27 de outubro de 2012

Resenha: Pedagogia da Autonomia.


Resenha :Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa-7. ed. - São Paulo : Paz e Terra, 1998. - 165p



Paulo Reglus Neves Freire, nascido em 1921 foi um educador e filósofo brasileiro. Seu primeiro livro foi Educação como Prática da Liberdade e seu mais famoso livro Pedagogia do Oprimido foi traduzido para o inglês, espanhol e hebraico. Freire de ataque cardíaco em maio de 1997 no Hospital Albert Einstein.



Segundo Paulo Freire em sua obra Pedagogia da Autonomia, a prática torna-se eminentemente importante, pois, ajudando a sair do rotineiro blá, blá, blá para a situação ativo de realizar. Ensinar não é somente “passar um conhecimento”, e sim, criar possibilidades para a produção e construção do mesmo. O autor destaca a interação entre aprender e ensinar, mostrando que quando um sujeito ensina, também aprende e vice-versa. Não sendo, portanto, duas atividades separadas e sim conectadas.
O ser humano é perfeitamente capaz de ir além de seus condicionantes, e deve fazê-lo.
O educador deve constantemente despertar no educando a curiosidade e sua insubmissão, para que este aprenda criticamente. Pois o saber não deve ser simplesmente transferido. Sendo importante para que o educando vá se transformando em sujeito da construção e reconstrução do saber ensinado. O educador deve, portanto, não apenas ensinar o conteúdo, mas acima de tudo ensinar a pensar certo. O mais importante não é a quantidade de e  conhecimento e sim a qualidade. Pensar certo exige reflexão.
O autor diz que ensino e pesquisa estão interligados. E o educador deve transferir aos alunos os conteúdos e quando estes são apreendidos, operam por si mesmos. Ensinar exige uma superação e não uma ruptura, uma certa curiosidade; pois sem esta não haveria criatividade. Sendo assim, os educadores devem despertar ou instigar a curiosidade do educando. O professor deve manter na sua argumentação certa segurança. Deve aceitar o novo e saber preservar o velho que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo. Produzir nos alunos um diálogo constante e uma reflexão crítica sobre a prática. O educando deve fazer e pensar sobre o que está fazendo.  Freire ainda afirma que, tomar consciência do que está fazendo, ajuda a tornar-se um ser pensante, crítico e transformador. È importante sempre questionar.
No segundo capítulo Freire fala sobre o fato de que o professor ao estar em uma sala de aula deve estar atento ao fato de que esta ali para ensinar e não somente transferir conhecimento. Este é um fato que não apenas deve ser apreendido pelo professor e pelo educando, mas também deve ser vivido por eles.
 Um professor crítico é uma ser aberto ao conhecimento e as inovações, consciente de seu inacabamento, pois segundo o autor, onde há vida há inacabamento.  E que tomando conhecimento sabem que as barreiras não se eternizam. Este sujeito estará em um permanente processo social de busca. A curiosidade torna-se neste caso um fato que gera e abre caminhos para o saber. Já a memorização acaba castrando a liberdade do educando de aventurar-se por si próprio. È importante lembrar que homens e mulheres se tornaram educáveis por que primeiramente tiveram a consciência se seu inacabamento, e isso os fez irem busca de sua educabilidade.
O autor também discute sobre autoridade e autoritarismo, licença e liberdade.  O professor assim como o aluno deve conhecer as diferenças entres essas ações. A responsabilidade do professor é extremamente grande, nenhum deles passa sem deixar marca no aluno, deve aprender a respeitar a autonomia, a dignidade e a identidade do educando. O professor tem que gostar do que faz e acreditar que junto com os alunos podem aprender, ensinar, instigar a busca e superar os obstáculos.
No terceiro capítulo o autor aborda sobre o fato de que não se faz necessário estar a todo instante estar falando sobre a autoridade, pois ela por si só se faz presente. Um professor competente exerce sem grandes esforços a autoridade e recebe o respeito dos alunos. A autoridade não está no fato dos alunos permanecerem quietos, não está nos silenciados. mas sim na dúvida que instiga. É sempre possível saber o que ainda não sabe quanto saber melhor aquilo que já sabe.  Mas não pode ensinar aquilo que não sabe. O professor deve ser aquilo que diz. Deve tomar uma posição.
O educador deve saber escutar e não apenas falar. Nessa obra, portanto autor diz que escutar é mais que uma habilidade auditiva, é escutar com abertura à fala, ao gesto do outro. Muitas vezes o professor sem agressão pode sim, agredir o aluno, de maneira até mais forte e permanente. Na relação com o outro que não fez as mesmas escolhas, não se deve impor sua opinião. Viver uma abertura respeitosa ao outro. 
Paulo Freire conclui que o educador não deve instigar os sonhos impossíveis, e tampouco deve negar aos que sonham o direito de sonhar. E que a arrogância intelectual não se faz necessário no educador. Ele acredita que é necessário que o professor perceba seu inacabamento para assim tornar-se um sujeito consciente de suas atitudes.


Pedagogia da Autonomia é um livro de bolso de fácil leitura. O autor aborda temas importantes e muitas vezes esquecidos pelos que estão na sala de aula. Apesar do livro quase parecer uma crítica ao professor, o autor reconhece as dificuldades do educador e as aborda em diferentes ocasiões. Tomado de um discurso regado a buscar a consciência do educador e do educando ele nos leva a percorrer as linhas de sua obra com certa firmeza no que escreve. Porém, por repetir muitas vezes de maneira incansável as mesmas palavras, Freire leva o leitor à exaustão. É preciso ser persistente para chegar até a última página, sendo este um esforço que vale a pena.
Esta obra pode ser perfeitamente lida e relida pelos profissionais da área de licenciatura e seus educando ou qualquer um que queira saber um pouco mais sobre autonomia.

4 comentários:

  1. Oi Marli! Ainda não conhecia esse livro, mas pela sua resenha, parece ser um livro essencial para um professor.
    Achei essa sua frase muito bonita: Ensinar não é somente “passar um conhecimento”, e sim, criar possibilidades para a produção e construção do mesmo.

    Beijinhos!

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  2. Boa tarde Marli,

    Realmente esse livro deve ser muito bom....abçs.


    http://devoradordeletras.blogspot.com.br/

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  3. Esse livro parece muito bom e mesmo não sendo da área me interessei para ler. Ah...acho que esa aé uma lição para a vida:Devemos saber ouvir mais do que falar.
    Beijos!
    Paloma Viricio- Jornalismo na Alma

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  4. Marliii.. que gracinha seu comentário! Fiquei bem feliz! E só tô respondendo agora, olha só... :P
    Meus pais merecem vários abraços mesmo! Mas, não só por causa da viagem pra Machu Picchu! Um dia voltarei lá. Vai ser uma nostalgia de verdade, acho... lembro de muita coisa dessa viagem, apesar de ter sido há quase 13 anos, né?

    E a coincidência: terminei de ler esse livro do Freire na semana passada! Gostei demais também! Resolvi me revoltar e ler primeiro ele, antes da pedagogia do oprimido.. :P
    Achei bastante repetitivo. Mas, entendo. Para muitos, essa repetição é necessária, por se tratarem de ideias bem diferentes das que costumamos ver sendo difundidas por aí. Apesar de fazer muito sentido e parecer um pouco óbvio, acho que as ideias dele são bem revolucionárias, no sentido de propor uma reflexão crítica constante mesmo... e para quem não tem esse costume, acho que a repetição ajuda a entender melhor o que exatamente ele diz.
    Pretendo ler outros livros dele também. Acho que tem muito a contribuir, como você falou no finalzinho, com profissionais de diversas áreas, não só na educação. Porque ele fala da relação professor-aluno. Mas, fala principalmente de relações interpessoais, na minha opinião. Essa questão do saber ouvir, de tomar consciência do inacabamento, de ter humildade, de se permitir aprender com o outro..

    Outra coisa de que gosto muito da fala dele, é a esperança. Quem entra em contato o tempo todo com realidades muito difíceis das suas próprias, tende a perder um pouco essa esperança e a achar que não há nada que se possa fazer para a mudança. Acaba por difundir a responsabilidade e se isentar de qualquer ação transformadora. Mas, o discurso dele faz com que a gente queira nos movimentar mesmo, e agir agora. E dar nosso melhor.

    Beijinhoos
    ;*

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