Francisca Júlia.
Há pouquíssimos que conhecem a leveza da
escrita da poetisa. Na “Academia” quase não se fala dela, muito menos nos
livros didáticos. Em uma sociedade de forte marca patriarcal, ela precisou
assinar com nome masculino, muitos de seus escritos.
E se ela tivesse sido homem, estaria
figurando ao lado da trindade parnasiana: Olavo Bilac, Raimundo Correia e
Alberto de Oliveira?
Ela não tinha a banalidade recorrente
das mulheres poetisas. Parnasiana, foi elogiada por Bilac e aclamada pelo
público, mostrando que mulher também podia escrever poesias de qualidade. Foi
aclamada por seus versos perfeitos, mas Francisca não é só isso.
A pintura acima, traz uma mulher espiritual, bem
diferente da sensual Vênus. A obra intitulada
“O nascimento de Vênus”, 1482-83 - na imagem de Botticelli, a deusa representa
o amor contemplativo, não a sedução. Com
rosto de menina e corpo de mulher, representando o impassível- a Musa de
Francisca.
Marli Carmen
MUSA IMPASSÍVEL I
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido
semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo
orgulho, e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho
austero.
Em teus olhos não quero a lágrima; não
quero
Em tua boca o suave o idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de
Dante;
Ora o vulto marcial de um guerreiro de
Homero.
Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem
atrativa;
A rima cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe
limpa e viva;
Versos que lembrem, com seus bárbaros
ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se
quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.
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