Dia 12 de outubro, haverá aqui no blog Amazônia, o sorteio do maravilhoso livro da escritora Adriana Vargas: O VOO DA ESTIRPE!
Aproveite para concorrer!!
O post do sorteio está ao lado.
Hoje é dia de entrevista!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Escritora Adriana Vargas.
Como surgiu a inspiração de O VOO DA ESTIRPE?
O voo da estirpe surgiu em uma época muito difícil de minha vida; estava doente e isolada do mundo.
A protagonista foi inspirada em todas as pessoas mais interessantes que conheci. Montei uma colcha de retalhos, mostrando escancaradamente os defeitos e qualidades de modo livre, longe da hipocrisia e regras, nasceu e voou Clarice.
Foi escrito, inicialmente em uma chácara sem luz, e sem computador, ou seja, a luz de velas, e à mão.
Quando você percebeu que queria ser escritora?
Eu creio que nasci com este impeto compulsivo, quase uma obsessão pela escrita, mas tinha vergonha, pois este não era o que meus pais haviam programado para o meu futuro, e mesmo assim, aos oito anos de idade, venci o primeiro concurso literário de uma estória feita na escola, minha professora, na época, leu, e me inscreveu em um concurso infantil realizado pela secretária de educação. Meus pais ficaram sabendo só quando saiu o resultado. Formei-me em Direito, até cheguei a exercer a profissão, mas nada do que conseguia realizar, desde concursos públicos e bons empregos, me fascinava. Deixei a profissão, e passei a me dedicar intensamente a estudos, pesquisas e escritas. As pessoas me chamavam, e ainda me chamam de desvairada por abandonar uma carreira que muitos almejam, eu prefiro a liberdade da escrita. Não nasci para ficar rica à base de coisas que não me encaixo, nasci para escrever meus rabiscos, e assim pretendo ir até o fim. Mesmo passando muito tempo escrevendo escondido, e guardando os meus textos embaixo do colchão, eu sempre soube que eu queria ser escritora, e que um dia iria libertar este sonho para deixá-lo fluir.
Fale um pouco sobre os personagens:
Clarice – protagonista da obra; uma mulher solitária que descobre no amor, por um estranho, que a persegue em todos os lugares, a cura para a carência e solidão cultivada há anos.
Clarice é impulsiva; com o comportamento guiado entre o ser racional e sonhador; ingênua e destemida; mostra ao leitor, que é “dona de seu nariz”, ao fazer tudo e tão somente o que quer, alguns a chamariam de ousada, outros de desvairada, o julgamento de cada um varia de acordo com visão que tem do mundo, mas certamente, é uma romântica não assumida, até que o amor lhe doma o cavalo selvagem que traz no peito.
Klaus – o homem misterioso dos sapatos de verniz e paletó marrom, que persegue nossa protagonista em todos os lugares. Ele ensinou Clarice a amar; enquanto ela acreditava que seria ela, a cuidar de Klaus, por ser portador de uma doença terminal, era ele quem a cuidava; deixando muitas lições de vida frente à luta contra a doença até o fim. Inteligente, carismático, brincalhão e otimista; passa aos leitores, uma força interior desmedida; guarda um segredo que será revelado a Clarice, e continua ao lado dela, em todos os lugares, mesmo após a sua morte.
Estela – uma prostituta que surge no enredo com a missão de definir os sentimentos de Clarice por Klaus, sabendo-se que nossa protagonista, ao descobrir a doença de Klaus, rompe o relacionamento, por medo de não saber lidar com a dor do luto, sem saber ao certo, se o que sentia era algo capaz de vencer todos os obstáculos que ela poderia enfrentar, inclusive, o preconceito, se apostasse neste amor. Estela surge entre eles, de modo intrigante, e pondo todos, inclusive o leitor, em dúvida, quanto ao seu papel na vida de Klaus.
Qual foi o livro que você leu e te marcou profundamente?
A escolha de Sofia.
A primeira vez que li este livro, com quase 700 páginas, eu fiquei surtada; primeiro, porque o livro era extenso, e mesmo assim, eu não consegui parar de ler. Os detalhes; as informações sobre o nazismo, e o modo como se tratava uma mulher em uma época em que ela foi obrigada a ser subalterna, e ao mesmo tempo, ela se permitiu a isso, em nome de um amor cego e doentio; a escolha difícil e literariamente incrível, intrigante, sofrida, em ter que escolher um dos filhos para sobreviver, e o outro morrer, foi algo que me marcou profundamente.
Vc já se deparou com alguém lendo o teu livro... no ônibus, na praça...? Se sim, qual foi a sensação?
Bom, ainda estou no começo de minha carreira literária; não tive este prazer, mas dois fatos bacanas me deixaram feliz, o primeiro, quando alguém aqui de minha cidade, me abordou no facebook, e me pediu uma dedicatória do livro O voo da Estirpe, que ela havia comprado, e o segundo, foi ver minha filha, lendo o meu livro, sem eu pedir, pois conversando com os novos autores, eles dizem a sempre a mesma coisa, que dificilmente a família lê os seus livros, e isso também acontece na minha família, e ver a minha filha lendo o meu livro, foi a sensação mais gostosa que experimentei até o presente momento.
Até hoje, qual foi o melhor momento da escritora Adriana Vargas?
Marli, para a escritora Adriana, todos os momentos em que estou com meu espaço reservado para escrever meus livros, ou textos, são maravilhosos e de grande despertar espiritual, mas o contato que tenho com os novos autores, lutando, batalhando, suando para alcançar o seu espaço... Dividir junto, e com o mesmo afã, esta experiência, é algo que somente quem está envolvido, e vestindo a camisa, sabe o que é, o que significa... Ler os comentários do trabalho que realizamos no clube, são momentos que vou levar comigo para sempre.
Deixe uma mensagem para os leitores:
"Se não podem me ler; que eu me leia; que conheça os sobressaltos que interpõe esta ponte, e se ela não existir, que eu seja o engenheiro sagaz; determinado a cumprir com o meu objetivo, seja lá, onde estiver as ferramentas que preciso ainda encontrar para beijar os pés de Clarice Lispector; limpando o chão pelo qual passou Machado de Assis; lendo e aprendendo com o tão polêmico Nietzsche... Ah, Senhor, protetor dos novos e loucos autores, que esta chuva que refrescou a luta árdua de tantos molhe o meu telhado a ponto de encontrar a humildade necessária que não me fará algoz de minhas próprias ambições..."
Eu vou continuar escrevendo, enquanto houver nesta terra, alguém disposto a ler, mesmo que seja para criticar; tudo que parte do leitor, eu recebo como um presente, me alimenta, me consome e me impulsiona; me faz (sobre)viver.
Obrigada Adriana Vargas!!! Você é um amor!!!!
Marli Carmen Jachnkee