26 de setembro de 2014

Texto da Samanta Holtz.




Um punhado de sal 

Vamos fazer um teste? 
Imagine que você está com muita sede e segurando um copo cheio de água fresca. Antes que possa levar o copo até a boca, alguém vem e despeja um enorme punhado de sal dentro dele, deixando o líquido com aspecto esbranquiçado. 
Se tomasse um gole dessa água, qual seria o gosto? Ruim? Salgado demais? É, provavelmente... 
Agora, vamos imaginar uma situação diferente: você está com muita sede e caminhando em direção a um riacho de água doce para encher seu copo e beber. Mas, antes que possa fazer isso, alguém vem e despeja o mesmo punhado de sal na água do rio. 
E agora? Se enchesse o copo e bebesse, será que sentiria o gosto salgado? Bem, o sal certamente teria se diluído na enormidade do rio e você poderia desfrutar de uma água fresca e sem qualquer interferência no sabor! 
Esse teste que detalhei acima foi baseado em uma parábola que li recentemente, cujo autor é desconhecido – o que é uma pena, pois é fantástica! O texto trata de um Mestre colocando o jovem aprendiz nessas mesmas situações do punhado de sal e, como imaginamos, o menino torce o nariz ao beber um gole do copo, mas se delicia ao beber a água do lago, sem que o sal ali atirado afete o sabor. Então, o Mestre explica o que aquilo significa... 
É como se o sal representasse nossas dores e tristezas. E a água simboliza nossa vida, nosso interior... ou seja, nós mesmos. Na vida, é inevitável que situações tristes e dolorosas nos atinjam, como se punhados de sal fossem jogados dentro de nós. Não temos como impedir que isso aconteça, nem fazer nada para mudar o sabor do sal transformá-lo em açúcar, por exemplo! Isso está fora do nosso alcance. A única maneira de alterar o sabor é mudar o local aonde o sal é colocado. Ou seja: deixarmos de ser copo para nos tornarmos lago. 
Se somos um copo, qualquer pitada de sal é suficiente para amargar nosso dia. Um acontecimento minúsculo estraga nosso humor, nossa disposição, nossa boa vontade. Por outro lado, se somos lago, saberemos lidar bem com uma pitada de sal, pois ela não vai nos abalar. E talvez nem mesmo um punhado ou dois... pois temos água suficiente dentro de nós para dilui-los e não alterar nosso sabor. 
Usando as palavras da parábola: “A dor na vida de uma pessoa não muda, mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu”. 
É assim que nos tornamos um lago: quando olhamos tudo o que temos ao redor nossa família, nossa saúde, nossas alegrias, nossas conquistas – e reconhecemos a grandeza que tudo isso representa. E valorizamos isso. E agradecemos por isso. E, se é que alguma coisa precisa ser corrigida, perdoada ou esclarecida, vamos lá e resolvemos. Porque é dessa forma que aumentamos o volume das águas em nosso interior: não precisamos abrir novas comportas ou encontrar novas fontes. Às vezes, o simples fato de enxergarmos como são grandes os motivos que temos para agradecer já inibe todos os motivos de reclamações. E muitos deles acabam passando despercebido em vez de salgarem nosso dia sem necessidade. 
Quando a dor ameaçar invadi-lo, olhe para dentro de você, para sua história, para tudo de bom que o rodeia. Às vezes, onde você conseguia ver apenas um copo com água, pode haver um oceano inteiro passando despercebido! Ele está aí, eu tenho certeza. Basta saber olhar. E deixar que venha o punhado de sal... 

Samanta Holtz 


Biografia da autora:

Nascida no Dia Mundial do Livro, Samanta Holtz parecia destinada a trilhar o caminho da literatura. Aprendeu a ler sozinha aos cinco anos, tamanha era a vontade de entender as histórias que sua mãe lia para ela. Aos nove, ganhou um prêmio de redação em sua cidade, Porto Feliz, interior de São Paulo. Publicou em 2012 o romance histórico “O Pássaro”, premiado no “Destaques Literários” por votação do público e do júri técnico, seguido por “Quero ser Beth Levitt”, que teve a primeira edição rapidamente esgotada, e “Renascer de um Outono”, romance idealizado ainda na adolescência. 

Com histórias românticas e cheias de surpresas, Samanta guia seus leitores por uma deliciosa viagem, levando-os das lágrimas ao riso em questão de capítulos.
Obrigada Samanta por enviar um texto.
Beijinho para todos. 
EU APOIO A LITERATURA NACIONAL.

2 comentários:

  1. Querida, obrigada por divulgar meu texto e apoiar nossa literatura <3

    É uma honra fazer parte dela ao seu lado :)

    Beijossss

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  2. Texto lindo, Marli! ♥♥♥
    Eu finalmente voltei para a blogsfera, com blog novo e muitas novas ideias. kkkk
    Se pudesse trocar ali o link do Profissão Adolescente pelo Sentido Literal eu agradeceria. :**
    Muitas saudades da srta. kkk

    Beijos
    http://sentido--literario.blogspot.com/

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